Piada capacitista, gesto obsceno, castração química: veja polêmicas do vereador que jogou Constituição no chão na Câmara do Recife
19/06/2025
(Foto: Reprodução) Gilson Machado Filho foi à Câmara para criticar prisão do pai, ex-ministro Gilson Machado. Ele chamou de ditador o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Vereador filho de Gilson Machado joga Constituição no chão e chama Moraes de 'ditador'
Na segunda-feira (16), o vereador Gilson Machado Filho (PL) jogou um exemplar da Constituição Brasileira no chão e chamou de "ditador" o ministro Alexandre de Moraes, na Câmara Municipal do Recife. Ele tomou posse no seu primeiro mandato há seis meses, mas essa não é a primeira polêmica em que se envolve.
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Gilson Filho já foi alvo de processo na Câmara por gesto obsceno e piada capacitista e já propôs projetos polêmicos como multar quem for pego usando drogas na capital, multa de até R$ 1 milhão para quem desrespeitar fé cristã e moção de apoio a projeto de castração química para condenados por estupro — que é ineficaz e inconstitucional.
O vereador jogou a Constituição no chão ao criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) por ter autorizado a prisão do pai dele, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, por suspeita de tentar obter passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Gilson Machado, o pai, foi preso na sexta-feira (13) e solto no mesmo dia, por determinação de Moraes. Ele negou envolvimento no caso e disse que tentou obter passaporte para o próprio pai, e não para Cid.
Gestos obsceno e capacitista
Em maio, Gilson Machado Filho e o vereador Thiago Medina (PL) foram alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar, movido por outros parlamentares.
Segundo a denúncia, que ainda tramita no Legislativo, sem prazo para conclusão, eles publicaram nas redes sociais um vídeo fazendo piadas e gestos de cunho sexual e capacitista contra o presidente Lula (PT), gravado em uma sessão da Câmara.
Câmara abre processo contra vereadores do Recife por causa de piada capacitista sobre Lula
A gravação foi feita no dia 29 de abril, durante a sessão em que foi aprovado o projeto de lei que institui o “Dia Municipal em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”.
Nas imagens, eles fazem referência ao acidente de trabalho sofrido pelo presidente, que resultou na amputação de um dedo.
Conforme o requerimento, no vídeo, Gilson Machado aparece ao lado de Thiago Medina e comenta: "Nunca vi até hoje alguém levar uma facada fake... Agora perder um dedinho para se aposentar, isso eu já vi". Depois, ele questiona onde o dedo de Lula estaria e faz um gesto obsceno.
Por meio de nota, a Câmara Municipal informou que o processo administrativo foi protocolado, conforme as diretrizes da casa, e será encaminhado à Comissão de Ética.
Multa para quem usar droga
Em abril, o vereador propôs uma lei para instituir multa administrativa para quem utilizar, adquirir, guardar, ter depósito, transportar ou trazer consigo drogas ilícitas em qualquer rua do Recife. A sanção, conforme o projeto, seria de até R$ 1,5 mil, e poderia ser dobrada caso a infração fosse em unidades de ensino, de saúde, de esporte, praia, praças e outros locais.
Castração química
Também em abril, Gilson Machado Filho propôs um requerimento que expressa moção de apoio a um projeto aprovado pela Câmara dos Deputados, que inclui a “castração química” à pena de quem comete crime sexual, entre outras práticas envolvendo menores.
No entanto, a medida é tida como controversa por especialistas por uma série de razões: a disfunção erétil não impede ataques e há consequências graves à saúde.
Apesar do que o termo sugere, o procedimento não “castra” o criminoso. Na verdade, são usados medicamentos injetáveis ou orais que agem como inibidores de libido. Eles reduzem o desejo sexual e impedem a ejaculação, mas o efeito é temporário.
Juristas também consideram que obrigar uma pessoa presa a manipular hormônios que podem afetar a sua saúde é uma violação da dignidade humana e é inconstitucional.
Multa para quem desrespeitar fé cristã
Neste mês, Gilson Machado Filho propôs uma lei para punir com multa de até R$ 1 milhão quem desrespeitar a fé cristã publicamente. A proposta é voltada a somente uma religião, e não vale, por exemplo, para casos em que religiões de matrizes africanas são alvo de violência.
O Código Penal, em seu artigo 208, já traz como crime a prática de "escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso". A pena é de um mês a um ano de detenção.
O vereador anunciou que iria apresentar o projeto em janeiro, ao publicar um vídeo de uma performance teatral do coletivo Bloco na Laje, de Porto Alegre. Nas imagens, um homem aparece com uma coroa de espinhos colorida na cabeça, dançando e tirando a roupa.
O projeto de Gilson Machado Filho propõe que sejam proibidos atos que "vilipendiem publicamente a fé cristã, bem como seus símbolos, seus dogmas, suas liturgias ou quaisquer elementos a ela relacionados".
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