Médico investigado por injúria contra auditora na Bahia é encontrado morto dentro de casa
21/11/2024
Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência constataram a morte de Luís Leite nesta quinta-feira (21), em Itabuna, no sul do estado. Obstetra é preso em flagrante por suspeita de racismo em Itabuna
Reprodução/TV Santa Cruz
O médico obstetra Luís Leite, preso por suspeita de injúria racial contra uma auditora que prestava serviço para a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), foi encontrado morto dentro da casa em que morava, nesta quinta-feira (21), em Itabuna, no sul do estado. Ainda não há informações sobre a causa da morte.
De acordo com informações iniciais, apuradas pela TV Santa Cruz, familiares acionaram equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constataram a morte do médico no local.
O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para realizar perícia e encaminhar o corpo de Luís Leite para o Instituto Médico Legal (IML), onde vai passar por necropsia, que determinará a causa da morte.
Luís Leite era investigado por injúria racial e chegou a ficar preso no Conjunto Penal de Itabuna. Ele foi solto no dia 6 de novembro, quando recebeu um habeas corpus.
LEIA TAMBÉM:
Estudantes denunciam ter sido vítimas de injúria racial em campus da Ufba; suspeita foi agredida
Jovem denuncia injúria racial e alega ter sido seguido por segurança em supermercado na BA
Jovem de 23 anos denuncia injúria racial em fila de supermercado em Salvador: 'como chama uma pessoa de macaco na Bahia?'
Conforme apurado pelo g1, a mesma decisão que deu liberdade a Luís Leite também definiu mais tempo para que o suspeito recorresse em liberdade no caso.
Entenda o caso
O caso aconteceu no dia 21 de fevereiro deste ano. Na denúncia, a auditora, que é uma mulher negra, disse que o obstetra falou que ela era bonita por ter "sangue branco".
O caso aconteceu durante uma auditoria na Maternidade Otaciana Pinto, onde o médico estava de plantão. "A vítima diz que trata-se de uma frase racista, ela estava no hospital quando foi abordada por esse médico, elogiando a cor da pele e afirmando que se ela tem uma pele bonita é porque ela tem sangue de branco", disse a delegada Lisdeili Nobre, que investiga o caso.
Ainda segundo a delegada, a auditora citou na denúncia outra frase que o obstetra teria dito na mesma situação.
"Você já viu alguém com pele preta ser bonita assim? Então, afirmo que se você é bonita é porque você tem sangue branco", detalhou Lisdeili Nobre.
No dia 23 do mesmo mês, o suspeito foi solto pela primeira vez, após passar por audiência de custódia e pagar fiança de R$ 14.120, valor de 10 salários mínimos.
Em outubro, ele foi preso novamente, mas recebeu um habeas corpus e foi solto. Luís Leite ficou no Conjunto Penal da cidade de 24 de outubro até 6 de novembro, quando teve uma sentença da Justiça da Bahia cumprida na casa onde morava.
Conforme apurado pelo g1, a mesma decisão que deu liberdade a Luís Leite também definiu mais tempo para que o suspeito recorresse em liberdade no caso. A sentença inicial foi desconsiderada.
Desde o início, a defesa do médico nega que houve o crime. De acordo com a advogada de defesa dele, Luís Leite apenas "avistou a moça" e "fez um elogio para o colega de trabalho dele".
"Ele comentou que a moça era bonita, tinha a pele bonita. Ele, em momento algum, dirigiu a palavra pra moça ou dirigiu esse elogio pra suposta vítima", relatou.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻